Verdade, confissão e desejo em Foucault
Michel Foucault sustentou ao longo de sua investigação que no processo de constituição e funcionamento das ciências humanas, ao contrário do que normalmente se postula, não houve descoberta de uma verdade específica do homem. Seja utilizada, a modo de exemplo, a psicologia objetiva do início do século XIX. Segundo a história tradicional dessa ciência, a verdade do homem louco foi finalmente descoberta quando o conceito de loucura passou a ser pensado como déficit das faculdades mentais e objetivado como doença mental. Desde então, a verdade atual desse novo objeto constitui critério fundamental para avaliar o que foi dito no passado sobre a loucura. Para Foucault, a doença mental é apenas ponto de chegada, jamais ponto de partida. Em vez de constituir a verdade final do louco, ela funciona como o capítulo mais recente da legitimação e justificação racional de práticas históricas e contínuas de repartição e distribuição daqueles indivíduos assim desqualificados pela razã