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Liberdade em Sartre

      A tarefa de compreender o significado e o alcance da liberdade na filosofia de Sartre pode começar por um comentário rápido da frase que se tornou uma espécie de lema do existencialismo: “A existência precede a essência”. Na tradição filosófica, o conhecimento sempre seguia uma ordem bem determinada, primeiramente o conhecimento da essência de algum objeto (inclusive o ser humano), uma vez que aí se encontrariam os atributos principais que definiam o ser e a verdade daquilo que deveria ser conhecido; em segundo lugar atentava-se para a existência, esfera da manifestação das qualidades definidoras ou essenciais do objeto. Essa precedência da essência em relação à existência tinha um propósito claro: tratava-se de compreender, antes de tudo, as noções que determinavam o objeto a ser tal como ele se nos apresentava, pois os vários modos de seu aparecimento só podiam provir de suas determinações. Por isso, nas teorias tradicionais, conhecer significa principalmente determinar, isto é, entender que o objeto é necessariamente o conjunto de suas determinações. Supunha-se que essa visão garantisse a exatidão do conhecimento.

      Quando Sartre inverte essa ordem, colocando a existência como precedendo a essência, o que ele quer, em primeiro lugar, é estabelecer uma diferença nítida entre objetos naturais ou fabricados, cuja forma e finalidade se acham especificamente determinadas por antecipação (como uma coisa, um fenômeno natural ou um utensílio), e o ser humano, cujo conhecimento dependeria da compreensão de um processo de existência que não pode ser antecipado por qualquer elemento determinante responsável por uma definição fixa e definitiva. Nesse sentido ele diz que o ser do homem consiste em existir, o que significa que a realidade humana se define, no curso de sua existência, justamente porque não haveria qualquer essência na qual essa definição estaria antecipada de modo determinado.

aguardem a continuação em breve sobre Escolhas solitárias.
até mais!!!!

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